Partilho então uma das minhas leituras de Verão. O Prémio LEYA 2008, atribuído ao jornalista brasileiro Murilo Carvalho.
O que me fez comprar o livro, foi exactamente o facto de ter recebido o prémio, que, supus eu, por ser a primeira vez que era atribuído, seria a um daqueles livros que lemos e lemos e lemos...
Não é o caso. A começar por aquilo a que se chama acordo ortográfico, o livro perde pontos. Pelo menos para mim. A construção frásica torna-se por vezes confusa, e o ritmo do texto é demasiado brasileiro para se entrar a devorar páginas.
À parte destes qui pro quos que facilmente se ultrapassam, e iniciando a leitura, apercebemo-nos de um profundo conhecimento da cultura brasileira, sul americana e europeia. No mínimo, o senhor fez os seus trabalhos de casa.
A história passa-se na segunda metade do século XIX e é escrita na primeira pessoa por um jornalista, Pereira - de origem portuguesa - desenrolando-se numa primeira parte em França tendo como banda sonora uma das mais aclamadas e criticadas óperas de Wagner, o Tannhäuser. O resto do livro é passado na América do Sul, onde Pereira acompanha duas lutas, duas guerras com a mesma causa mas com objectivos diferentes. A primeira, aquela que o faz deslocar-se ao Brasil, é a busca de seu amigo Pierre pelas suas origens, pelo seu povo Índio. A segunda, e aquela que acaba mudando o rumo das suas vidas é a que se desenrola no Sul do Brasil entre a Tríplice Aliança (Brasil, Argentina e Uruguai) e o Paraguai.
O livro é uma mistura entre as reflexões de Pereira, cartas de Pierre e os acontecimentos catastróficos de uma guerra que transformou o Paraguai num dos países mais pobres da América do Sul. No início do livro há uma breve introdução histórica: "(...)o Paraguai que na altura tinha cerca de 1 milhão de habitantes, teve quase 600 mil mortos (...) sobraram no país, praticamente, as mulheres, as crianças e os velhos. Toda a sua juventude foi destroçada.", que demonstra o horror de uma guerra feita de trincheiras, exércitos de escravos e de meninos índios.
Teoricamente a história principal do livro seria a da luta dos Ìndios Guarini pela conquista de uma Terra sem Males. Esta história para mim ficou em segundo plano, porque é demasiado descritiva, demasiado adoradora da cultura Indígena. Demasiado condescendente.
É um livro interessante, que por vezes se torna um pouco maçudo, sem que na minha opinião se consiga extrair algum sumo de tanta reflexão.
Não sei, portanto, o que o júri do Prémio LEYA viu neste livro que outros autores não tenham.
Minha Querida! Isto que aqui me conta são óptimas notícias. Acontece que tenho um romance em stand by. É o grande projecto da minha vida. Inacabado devido a um bloqueio narrativo que se prolongou durante mais de um ano e à falta de tempo quando a criatividade decide aparecer (é sempre quando estamos ocupados com outras coisas de grande responsabilidade que temos que fazer independentemente da nossa vontade). Ora se um livro como o rastro do jaguar, que mija no nosso português tradicional, abraçando o novo acordo ortográfico, acredito piamente que quando terminar a minha amada e sofrida obra, terei boas hipóteses de vencer em semelhante concurso. Olha que bem que eu escrevo! Ahahahah
ResponderEliminarBeijão enorme! Tinha saudades dos teus posts.