Quem me conhece, sabe que eu não ligo nada a datas e a dias. Mas o dia de hoje, é apesar de tudo, um dia que merece ser lembrado.
Não sou da geração de 74, nem perto nem longe, mas sou filha da geração que a viveu. Os meus pais viveram no antes e no depois e sabem o que foi a censura, o medo da PIDE, a certeza de um fututo que não queriam mas que tinham que aceitar.
Não tenho paciência para o saudosismo normalmente associado ao dia, em que há sempre programas de televisão onde vão os senhores velhinhos falar da altura do outro senhor e do que foi passar aqueles dias de incerteza após o 25/4.
Devemos saber o que passava, o que se passou e o porquê. Sou uma forte apologista de conhecermos a história do nosso país, não porque a escola assim o obriga, mas porque ao conhecermos o país e o seu povo mais facilmente compreendemos o que nos rodeia.
Mas no caso do dia de hoje, fico algo entristecida em constatar que ninguém liga muito ao dia em que nos livramos de um regime opressista e controlador, que não permitiria eu ter um blog e dizer o que bem me apetecesse sobre o quer que fosse. Em que eu, rapariga da classe média, provavelmente não teria tido a oportunidade de ir para a faculdade e ver os filmes que já vi, ler os livros que já li, os concertos a que já fui e de simplesmente votar em questões, como por exemplo, a despenalização do aborto. ´
Para a maioria de nós, hoje é um dia bom, porque é feriado. Não porque é uma celebração de independência e de liberdade.
Devíamos aproveitar este dia, para, pelo menos, pensar um bocadinho no futuro que diariamente construímos. Naquilo que quermos, para o qual devemos lutar. Já fomos apelidados de "geração perdida", porque o nosso futuro se avizinha sombrio.
Mas será que se lutarmos por aquilo que queremos (como os nosso pais fizeram há 36 anos), não haverá um raio de luz a espreitar algures?!
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