O homem que acredita no blazer
Publicação: 05 June 09 12:00 AM
"Há homens muito sofisticados em Portugal. Não me refiro a senhores que vestem com gosto, que guiam bons carros, que percebem de vinhos e que comem à mesa com boas maneiras. Refiro-me a homens mesmo sofisticados, que sabem tudo sobre o que se passa na moda, que dominam os segredos da vida mundana, que recomendam os melhores spots do mundo para passar férias, que conhecem Roma, Paris e Ibiza como a palma da mão, que passam férias em Saint Tropez desde que a BB andava por lá, que compram imprensa estrangeira aos quilos e que viajam todos os meses para continuarem updated com o que está a dar.
TENHO um amigo que pertence a este campeonato. Um dia perguntei-lhe porque é que andava sempre de blazer – ainda que durante o dia prefira os claros ou riscados e à noite misture os mais escuros com jeans e ténis –, ao que me respondeu, com aquela convicção que só a maturidade dá aos homens: «Sou um homem que acredita no blazer». E logo aproveitou para me dar uma lição sobre a importância do Tom Ford na moda e pelo seu trabalho inestimável em ter recuperado na última década essa peça de roupa fundamental para um homem de gosto que se preze, o clássico, eterno, intocável e incontornável blazer. Ora o que eu percebi é que ter um bom blazer – ou uma bela colecção deles, caso o bolso o permita – é mais importante do que ter um fato. E que os homens que levam isto do blazer a sério, têm as suas razões.
UM HOMEM que acredita no blazer é um homem que acredita no bom gosto, no requinte e na modernidade, sem nunca descurar a vertente clássica da existência. É um homem que gosta de ouvir Frank Sinatra, Dean Martin, Tom Jobim e Nina Simone, mas também Rolling Stones e James Brown no seu gira-discos em casa, enquanto folheia a última Vanity Fair e explica à namorada porque é que uma senhora deve ter uma carteira Chanel que fica para a vida ou umas pumps pretas de verniz Prada, outro must obrigatório. Foi este meu amigo que reforçou a minha convicção de que os acessórios é que marcam o estilo quando me disse que, para uma mulher, uma boa carteira é como uma arma. Acreditem ou não, quando uma mulher entra sozinha numa festa onde não conhece quase ninguém, faz toda a diferença se leva a tiracolo um saco de marca ou um trapo feito de capulana estampada comprado no Mercado do Pau em Maputo. Os acessórios são um sinal diferenciador, tal como a qualidade de um blazer. E um homem que acredita no blazer é um homem confiante e seguro, que preza a sua imagem, que cuida bem do seu aspecto porque percebe como isso é importante para as mulheres.
É bom não confundir este clássico raro com o vulgarizado metrossexual; o homem que acredita no blazer está para os metrossexuais como um Bentley está para um descapotável da moda: ainda estes usavam fraldas e já o homem do blazer dava cartas em estilo e requinte. Por isso, caros leitores, aqui vos deixo uma recomendação: invistam no blazer, invistam no bom gosto e no requinte de um casaco bem cortado, invistam no que é bom para a vossa imagem e não se desculpem com a crise para andarem em mangas de camisa. Viva o blazer e os homens que nele acreditam, porque eles também contribuem para melhorar a imagem de Portugal no mundo."
por MargaridaRebeloPinto
Não, não fui eu quem escreveu isto. Ainda bem! Senão era sinal que a minha cabeça já cheia de areia estava era cheia daquela areia dos gatos que começa a cheirar mal...
Gosto de ler, sim. Quase tudo. Incluindo Margarida Rebelo Pinto. Digam o que disserem. Que é light, é pop, é populuxo, é cor-de-rosa, é fútil, que ela se auto plagia e afins. A verdade é que pôs uma parte do país a ler, coisa que já é de louvar.
Já li todos os livros dela. Os três primeiros são sem sombra de dúvida os melhores. E as crónicas continuam a ser bastante boas, até, isto! Tenho seguido as crónicas semanais dela no SOL:
http://sol.sapo.pt/Blogs/margaridarebelopinto/default.aspx
e umas melhores outras piores, continuam a fazer sentido, Continuo a ler e conseguir extrair qualquer coisa, porque ela vai sabendo qualquer coisa sobre as relações entre homens e mulheres. Mas este fim de semana ao ler esta crónica apeteceu-me gritar-lhe: Helloooooo, is anybody home? Será que a Margarida Rebelo Pinto está a viver no mesmo país que eu? No mesmo mundo?
Não vou cair no cliché de falar da crise e de que as pessoas têm mudado as suas prioridades, porque quem sabe se chegamos a velhos -onde com ou sem blazer, com ou sem pumps da Prada - podemos não ter algo que agora tomamos como garantido que é a reforma.
Mas vou falar dos pumps da Prada ou do Manolo, ou dos blazers bem ou mal cortados. Cada vez mais as pessoas são o que vestem, o que usam, o que parecem. E cada vez menos o que são. O que cultivam. Tenho um amigo que quando o conheci falava imenso da energia das pessoas. Eu achava-lhe (e acho) piada, mas aos poucos comecei a ver, e a sentir que ele tem razão.
Não vale a pena ter um blazer bem cortado, e um perfume charmosíssimo para apetecer estar com. Ou gostar de estar com. Se essa pessoa for má (sim, porque as há, e não, não são as bruxas), se for daquelas pessoas frustradas que se realiza com designs exlusivos disto e daquilo e que numa conversa em vez de ouvir o outro espera a sua vez de falar, o blazer pode salvar à primeira, à segunda ainda pode ter sorte, agora à terceira?! Só mesmo com quem também tem blazers desses.
Publicação: 05 June 09 12:00 AM
"Há homens muito sofisticados em Portugal. Não me refiro a senhores que vestem com gosto, que guiam bons carros, que percebem de vinhos e que comem à mesa com boas maneiras. Refiro-me a homens mesmo sofisticados, que sabem tudo sobre o que se passa na moda, que dominam os segredos da vida mundana, que recomendam os melhores spots do mundo para passar férias, que conhecem Roma, Paris e Ibiza como a palma da mão, que passam férias em Saint Tropez desde que a BB andava por lá, que compram imprensa estrangeira aos quilos e que viajam todos os meses para continuarem updated com o que está a dar.
TENHO um amigo que pertence a este campeonato. Um dia perguntei-lhe porque é que andava sempre de blazer – ainda que durante o dia prefira os claros ou riscados e à noite misture os mais escuros com jeans e ténis –, ao que me respondeu, com aquela convicção que só a maturidade dá aos homens: «Sou um homem que acredita no blazer». E logo aproveitou para me dar uma lição sobre a importância do Tom Ford na moda e pelo seu trabalho inestimável em ter recuperado na última década essa peça de roupa fundamental para um homem de gosto que se preze, o clássico, eterno, intocável e incontornável blazer. Ora o que eu percebi é que ter um bom blazer – ou uma bela colecção deles, caso o bolso o permita – é mais importante do que ter um fato. E que os homens que levam isto do blazer a sério, têm as suas razões.
UM HOMEM que acredita no blazer é um homem que acredita no bom gosto, no requinte e na modernidade, sem nunca descurar a vertente clássica da existência. É um homem que gosta de ouvir Frank Sinatra, Dean Martin, Tom Jobim e Nina Simone, mas também Rolling Stones e James Brown no seu gira-discos em casa, enquanto folheia a última Vanity Fair e explica à namorada porque é que uma senhora deve ter uma carteira Chanel que fica para a vida ou umas pumps pretas de verniz Prada, outro must obrigatório. Foi este meu amigo que reforçou a minha convicção de que os acessórios é que marcam o estilo quando me disse que, para uma mulher, uma boa carteira é como uma arma. Acreditem ou não, quando uma mulher entra sozinha numa festa onde não conhece quase ninguém, faz toda a diferença se leva a tiracolo um saco de marca ou um trapo feito de capulana estampada comprado no Mercado do Pau em Maputo. Os acessórios são um sinal diferenciador, tal como a qualidade de um blazer. E um homem que acredita no blazer é um homem confiante e seguro, que preza a sua imagem, que cuida bem do seu aspecto porque percebe como isso é importante para as mulheres.
É bom não confundir este clássico raro com o vulgarizado metrossexual; o homem que acredita no blazer está para os metrossexuais como um Bentley está para um descapotável da moda: ainda estes usavam fraldas e já o homem do blazer dava cartas em estilo e requinte. Por isso, caros leitores, aqui vos deixo uma recomendação: invistam no blazer, invistam no bom gosto e no requinte de um casaco bem cortado, invistam no que é bom para a vossa imagem e não se desculpem com a crise para andarem em mangas de camisa. Viva o blazer e os homens que nele acreditam, porque eles também contribuem para melhorar a imagem de Portugal no mundo."
por MargaridaRebeloPinto
Não, não fui eu quem escreveu isto. Ainda bem! Senão era sinal que a minha cabeça já cheia de areia estava era cheia daquela areia dos gatos que começa a cheirar mal...
Gosto de ler, sim. Quase tudo. Incluindo Margarida Rebelo Pinto. Digam o que disserem. Que é light, é pop, é populuxo, é cor-de-rosa, é fútil, que ela se auto plagia e afins. A verdade é que pôs uma parte do país a ler, coisa que já é de louvar.
Já li todos os livros dela. Os três primeiros são sem sombra de dúvida os melhores. E as crónicas continuam a ser bastante boas, até, isto! Tenho seguido as crónicas semanais dela no SOL:
http://sol.sapo.pt/Blogs/margaridarebelopinto/default.aspx
e umas melhores outras piores, continuam a fazer sentido, Continuo a ler e conseguir extrair qualquer coisa, porque ela vai sabendo qualquer coisa sobre as relações entre homens e mulheres. Mas este fim de semana ao ler esta crónica apeteceu-me gritar-lhe: Helloooooo, is anybody home? Será que a Margarida Rebelo Pinto está a viver no mesmo país que eu? No mesmo mundo?
Não vou cair no cliché de falar da crise e de que as pessoas têm mudado as suas prioridades, porque quem sabe se chegamos a velhos -onde com ou sem blazer, com ou sem pumps da Prada - podemos não ter algo que agora tomamos como garantido que é a reforma.
Mas vou falar dos pumps da Prada ou do Manolo, ou dos blazers bem ou mal cortados. Cada vez mais as pessoas são o que vestem, o que usam, o que parecem. E cada vez menos o que são. O que cultivam. Tenho um amigo que quando o conheci falava imenso da energia das pessoas. Eu achava-lhe (e acho) piada, mas aos poucos comecei a ver, e a sentir que ele tem razão.
Não vale a pena ter um blazer bem cortado, e um perfume charmosíssimo para apetecer estar com. Ou gostar de estar com. Se essa pessoa for má (sim, porque as há, e não, não são as bruxas), se for daquelas pessoas frustradas que se realiza com designs exlusivos disto e daquilo e que numa conversa em vez de ouvir o outro espera a sua vez de falar, o blazer pode salvar à primeira, à segunda ainda pode ter sorte, agora à terceira?! Só mesmo com quem também tem blazers desses.
Acho que vou comprar um blazer...
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