Faz precisamente hoje uma semana que os TDT (técnicos de diagnóstico e terapêutica) fizeram uma greve de dois dias para reinvidicar a revisão da carreira, isto porque não há progressão de carreira para estes técnicos que apesar de serem licenciados, não recebem como tal e que são postos no mesmo saco dos técnicos médios. Para quem não sabe, os técnicos médios são aqueles que fazem o 12º a tirar um cursozeco que lhes permite auxiliar os técnicos superiores! Mas como neste país, os lobbies estão confortavelmente instalados, dá jeito preferir os técnicos médios aos superiores. Porque eles estão lá caladinhos no lugar deles, a engraxar médicos e os "ditos técnicos superiores" e a esfregar as mãozinhas de contentamento. Não fazem greves, não exigem progressão na carreira e ainda gozam com os cromos que andaram 4 anos a bater com as cabeças nas paredes para conseguir tirar um curso universitário.
Nos dois dias de greve dum grupo que se deixasse de existir, deixava os serviços de saúde de pernas para o ar - com médicos a fazer diagnósticos presuntivos e os enfermeiros a obedecer aos supostos diagnósticos médicos-, não houve uma manchete, não houve uma abertura de telejornal, de notíciários, nada. Lá para o fundo das páginas (quer em suporte físico, quer informático) é que foi referido que os técnicos de diagnóstico e terapêutica - como se a maior parte das pessoas soubesse o que isso é, para o comum mortal é tudo corrido a médico, enfermeiro e auxiliar - estavam em greve e que (para variar) o número dos sindicatos dava uma adesão de quase 100% (eu estive lá e não acredito) e que do ministério da saúde era de 46% (eu estive lá, não acredito).
Como futuro membro desta classe, revolto-me contra tudo isto. Contra a indiferença de um país que gosta mais de se queixar e de pouco fazer, contra os lobbies instalados pelas Ordens dos Médicos, Enfermeiros, mas sobretudo Farmacêuticos, contra pessoas que passam mais tempo a gabar os ovos da galinha da vizinha do que a polir os seus.
O principal problema desta classe é a falta de ordem. Nos dois sentidos. De uma ordem que englobe todas as tecnologias da saúde e que se faça representar a níveis mais altos, e não só a nível sindical. De uma ordem que ponha para trás interesses entre as diferentes profissões das tecnologias e que esteja disposta a lutar.
Aqui entra então a segunda ordem necessária. A ordem inter-grupal, pessoal, profissional, aquela sim que significa organização. Pelo que tenho visto ao longo de 3 anos de convivência com as "tecnologias da saúde", são poucas as pessoas que estão para se chatear em lutar para algo mais que não seja a obtenção de mais um valor na cadeira. A nível escolar, gostam muito de refilar e protestar para o ar, mas quando chega a altura de sentar com uma folha e lápis para concretizar qualquer coisa dá demasiado trabalho e há sempre uma frequência de epidemiologia para estudar!
Ora, se estas são as pessoas que vão sair para o mercado de trabalho, se estas são estas as pessoas que daqui a uns anos virão a formar uma futura ordem, ou a integrar os sindicatos existentes, mais vale baixar já as armas... Porque lutar com soldinhos de papel enquanto nos defrontamos com soldadinhos de chumbo só pode dar um grande entupimento da rede de esgotos!!!
Anda Lipa Maria. Vamos ali a Hollywood. Eles lá vão dar-nos o nosso devido valor... E em vez de soldadinhos de papel vamos ter soldadinhos digitais.
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