Apenas um comentário...

Ontem (esta noite) foi o dia internacional da mulher. Não que eu ligue muito à data. Aliás, não ligo nada. É apenas mais um dia com um nome que serve de propósito a fins comerciais, perdeu todo o significado e simbolismo... se é que alguma vez realmente o teve, pelo menos para as massas.

Anyways... não foi para falar disto que roubei alguns minutos ao meu sono.
Foi para partilhar algo que me aconteceu hoje, algo que mexeu comigo e que deveria ter mexido com mais pessoas. E não mexeu... ou simplesmente essas pessoas não estão para "ser mexidas".

Hoje à noite, estava em casa de uns amigos meus e começámos a ouvir gritos e barulhos anormais para a hora do dia. A principio não liguei muito, porque estava a ver um filme e porque os malucos de Lisboa existem mesmo. Mas depois, quando nos apercebemos do que se estava a passar e me disseram que os gritos vinham do andar debaixo, e paramos o filme, é que me apercebi que estava a haver uma discussão que perigosamente tomava proporções que roçam a violência doméstica. Não era a primeira vez... e pelo visto não será a última.
Não é a existência de discussões que me transtorna per se. É a existência de discussões onde um dos membros do casal utiliza a violência (física ou verbal) para se impor sobre o outro...para de algum modo exercer o seu suposto poder sobre o outro.

Depois de tudo isto, resolvi ir à policia tentar fazer qualquer coisa... Mas tive que ser EU, que não moro naquele prédio, que apenas estava de passagem a fazer qualquer coisa. Porque se assim não fosse, apenas se poria o som da televisão mais alto, ou uns phones nos ouvidos, e eventualmente aquilo iria passar...
Não sei se o meu gesto significou alguma coisa... Se adiantou alguma coisa. Provavelmente não. Provavelmente a polícia foi bater a porta e quem a abriu fingiu que estava tudo bem...
E se calhar agora até podia estar. Porque as pessoas se habituam, porque mesmo que se fique com umas nódoas negras e uns arranhões, mesmo que se partam uns pratos e umas coisas lá por casa, há sempre o dia seguinte que se espera que seja melhor que a noite de hoje...

O pior é se não houver dia seguinte. E se ninguém fizer nada contra isso, para evitar isso, o dia seguinte pode não estar assim tão longe como pensamos.