segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Give a little love....

Chamem-me radical, extremista, egoísta, desprovida de sentimentos blablabla, mas eu acho que uma das medidas da ministra Ana Jorge (provavelmente para ajudar nas contas do estado) já devia ter vindo à muito tempo. Aliás, nem sequer deveria ter sido implementada - mas isso era bater no outro senhor que é patrão dela e isso já não mete piada.

Ao que parece a Maternidade Alfredo da Costa - um dos locais (públicos) para onde são encaminhados os casais com problemas de fertilidade - vai a partir do próximo ano suspender os tratamentos de fertilidade de segunda-linha. Isto é, casais que já tenham tentado uma vez e não tenham sido bem sucedidos, ficam por ali.

Ora, à excepção daqueles que, como conta uma reportagem do Público, estão a meio do tratamento e foram obrigados a interrompê-lo, ou deverei dizer obrigadas?!, concordo em pleno com a circular emitida.

Agora é a parte que me começam a chamar doida e essas coisas todas. Mas os meus argumentos são bem lúcidos.
Esta coisa de ter filhos passou de uma forma de perpetuar a espécie para uma coisa que é suposto fazer quando se é um casal e quando já se casou. Toda a gente já ouviu o típico comentário para quem se casa que agora é ter um filho!

Até aqui, tudo bem. Percebo que há pessoas que tenham como sonho ter filhos e criancinhas a correr pela casa e ter alguém em quem possam depositar sonhos e esperanças e que traga uma nova alegria à vida. Percebo isso tudo porque acho que quando chegar a minha altura também o vou querer.
O que eu não percebo é porque é que isso só pode ser feito com uma criancinha que tenha saído de dentro da mãe e tenha também metade dos cromossomas do pai.

Quem tem amor para dar. e quem quer muito ter uma criancinha, a meu ver, fá-lo-ia com um filho próprio, ou com uma criança que, em vez de passar a vida entre gritos, porrada para o jantar, e pais negligentes, poderia assim ter um futuro risonho.

Há casais que pura e simplesmente não conseguem ter filhos, não são compatíveis a nível de X e Y, uma vez só por causa do homem, outra só por causa da mulher, outra vez por causa dos dois.
Sobre isto haveria muito a dizer, só a título de exemplo, as famosas pílulas contraceptivas, que a geração que agora tenta engravidar tomou desde muito cedo, são causa conhecida de infertilidade. Todo o stress ambiental e fisiológico que pai e mãe estão sujeitos diariamente também não ajuda à equação 1+1=3. E por aqui ficamos.

Voltando ao tema que me trouxe ao blog e apesar de todos os avanços da medicina, com os quais concordo na maioria, a chamada Fertilização Medicamente Assistida é ainda muito questionável, e não se deveria tomar por garantido que se não temos filhos agora, o faremos daqui a uns anos porque a medicina assim o permite.

Não. Há tempo para tudo, há tempo para ter filhos - e por alguma razão as mulheres têm aquilo que se chama idade fértil - e tempo para perceber que se a natureza teima em não obedecer a equação 1+1 é altura de olhar para a coisa de outra maneira.

Estes tratamentos são de uma agressividade brutal para o casal a nível psicológico e também a nível físico. E um desses níveis deles é carteira. É certo que com esta medida, os casais que podem vão recorrer a clínicas privadas e os que não podem, não podem e pronto.

Mas talvez assim seja melhor. Antes de se pensar em fertilizações assistidas, deveria-se pensar, por exemplo, em adoptar. Ou então em simplesmente aceitar o destino como ele é...

Não seria a primeira vez que casais que desejavam em ter um filho e depois de aceitar que não conseguiam, eis que nasce um rebento pronto a ser amado. Nem que casais que adoptam e depois conseguem ter um filho próprio...

O problema é que as pessoas do mundo de hoje são acima de tudo egoístas. Egoístas para levarem um cão abandonado para casa, egoístas para ajudarem alguém que precise, egoístas para aturarem birras "dos filhos dos outros".

E sim, estamos em crise, sim, as medidas têm que ser drásticas. E sim, muito disto não teria acontecido se aquele senhor que se diz primeiro ministro não tivesse prometido e cumprido medidas insanas. E sim, agora estamos - Portugal - a pagar pelo nosso egoísmo.

1 comentário:

  1. Vou discordar e com apenas uma frase central. Estás a violar um Direito Fundamental plasmado na CRP e estás a condenar à "obrigação" fulcral de um casal infértil ter de adoptar. A menos que obrigues os outros casais (os férteis) a adoptar também, não apontes como solução a um casal infértil resignar-se. Jamais. São demasiadas questões de dignidade e integridade da pessoa humana que estão em causa.

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