terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Das amizades...

Há coisas que me transcendem.

E vão transcender até ao final da vida parece-me. E essas coisas chamam-se amizades. Como é que alguém se torna amigo de alguém e como é essa amizade se mantém.
Transcendem-me porque não há grande lógica associada à coisa. Pelo menos para mim. Se alguma alma iluminada souber explicar esta alquimia por favor chegue-se à frente porque há dias em que me pergunto – mas porque raio é que sou amiga desta pessoa?

É que a amizade não pode ser explicada por paixão, tesão, bom sexo, necessidade de um corpo e todas aquelas coisas que poderão suportar uma relação…

Ao início a amizade é partilha de qualquer coisa – gostos e preferências, experiências, uma secretária, um emprego, um chefe prepotente qualquer coisa que faça essas almas começarem a entender-se. Não necessariamente a partilha de tais factores leva a uma amizade, mas é a meu ver, o início de qualquer coisa. Depois vem aquilo que a começa a cimentar – que é o interesse genuíno por essa pessoa, o querer saber de, o querer combinar coisas com, porque gostamos da companhia, porque gostamos de ir aos mesmos sitose e porque por mais inusitada que possa parecer começa-se a desenhar aquilo a que chamamos amizade…

Há pessoas que até parecem ser dessas – friend material – e às quais começamos a tomar como tal, amigos. Mais ou menos parecidas, mais ou menos dos copos, mais ou menos daqueles que sabem olhar para nós e perceber que precisamos é de um abraço. Há que ter amigos todo o terreno é certo – mas se tivermos um assim e outro assado também é bom – já que os TT normalmente são-no para várias pessoas e às vezes não conseguem chegar a todo o lado…

Eu tenho amigos que sei que não vou levar para uma noite de copos, sei que tenho amigos que não vão conseguir ir comigo ao cinema porque não gramam os mesmos filmes que eu, sei que tenho amigos que não vou levar ao sushi e sei que tenho amigos que por mais que queria não vão ouvir a mesma música que eu, ter opiniões semelhantes, nem sequer fazer um esforço para perceber o meu lado. Mas não é por isso que deixam de ser meus amigos. Não é por isso que deixo de ser amiga, não é por isso que não me vou interessar pela vida deles, não é por isso que não estou aqui quando precisam e que lhes quero bem 24/7. E isto é uma característica que me tem vindo a afastar de certas pessoas que não conseguem perceber exactamente que não é por não gostar de ir comprar roupa à Bershka e preferir a Zara que me situo mais abaixo ou mais acima na escala dos amigos. É só porque as pessoas são diferentes!

Toda a gente tem decepções e surpresas neste campo ao longo da vida, mas o que não entendo é como é que alguém que se toma por amigo, daqueles de sempre, daqueles pelos quais fazemos às vezes coisas que não devíamos, deixam de o ser de um momento para o outro. Como é que essas pessoas não ficam felizes com a nossa felicidade, como é que não percebem que precisamos deles, como é que por mais disparatadas que possam achar certas alturas da nossa vida, não estão lá só porque sim, só porque diz que são amigos…

Como disse, toda a gente tem decepções neste campo ao longo da vida, e ao que parece eu estou a ter a minha… Ou então fui mesmo tão cega que aquilo que tomei por amizade não foi mais que um capricho de alguém que diz querer ter amigos mas que não sabe como… 

2 comentários:

  1. "mas porque raio é que sou amiga desta pessoa?"

    A resposta está no teu texto, basta agora leres o que escreveste.

    Quando sentimos algo no outro que gostamos, ou gostaríamos, de ver em nós... quando o outro nos diz o que gostamos de ouvir, ou o que nós gostamos de dizer... quando o outro age como agiríamos, ou como achamos que deveríamos agir... quando o outro partilha alguns gostos parecidos aos nossos... etc...

    Terás a tua ideia sobre o que é um amigo. Os teus amigos terão a sua, semelhante ou não. Segundo referes, há que respeitar os gostos e as ideias de cada um...

    Ninguém tem a obrigação de gostar de alguém nem de ter a amizade de alguém, embora pareça.
    Além disso, a amizade não se mede e não é uma constante.

    Há muitas causas para a tal atitude que "não gostaste". A outra pessoa terá as suas razões. Podem ser diferentes das que imaginas...

    Este momento é bom para olhares para esse teu sentimento e descobrir qual é a causa, o que está por detrás dele. Um pensamento, uma ideia, uma crença,...
    Talvez ajude.

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  2. 1º: não gosto da palavra tesão. Acho que é uma palavra feia. True Story

    Bem, eu já rompi amizades de anos, portanto provavelmente agora deves-me odiar. Posso dizer que foi tudo menos agradável e continua a ser bastante aborrecido pensar nisso.

    Quanto à criação de amizades, não sei. Pode-se estabelecer contacto através de uma partilha de interesses e de objectivos e talvez se desenvolva a partir daí. É claro que uma amizade a sério é uma coisa bastante complexa, mas como acho que é uma coisa mais emocional que racional, não encontro explicação. Deve ser lá dos genes.

    Tinha obrigação de escrever uma coisa melhor, mas a minha cabeça está em papa. Sorry :s

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